sexta-feira, 30 de julho de 2010

Arrepio

Quero assim com você
Dos meus vocábulos esquecer
E ir regressando pouco a pouco
Naquilo que chamam de tempo
Quando a língua que eu falava
Era o sussurro dos ventos
E pessoas ainda me rodeavam
Para paralisadas parafrasearem clichês
Eu gosto de contigo evocar o silêncio substancial
Costume esquecido - se é que um dia existiu
Ou mal utilizado, quiçá.
Fala-se em demasia, benzinho
E muito pouco ou quase nada se faz
Eu já prefiro o silêncio dos teus olhos
Os dizeres do teu corpo, tuas mãos
Acontece que a tevê não nos satisfaz
Ideias manipuladas, remanipuladas ou trimanipuladas
Não fazem nossas cabeças mais
Nos resta então a música, a dança e a escassez de versos
Do poeta e da prosadora
A vontade de transformar sentimento em palavra é grande
Mas a vontade de sentir, essa é ainda maior

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