quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Caixinha de papel

Depois dos abraços e beijos, embora fosse noite, era iminente que o calor me levasse pra longe.
Puxei a mesa velha de bar até mim, ainda sentada na cama. Nela, inúmeros flyers roubados com desculpas bobas
em estabelecimentos estranhos, uma capa velha de livro da Wizard e recortes, dobraduras, papel. Minha paixão.
Voltei a dobrar, marcar, montar, formar. Estranho ver uma folha qualquer se transformando numa caixinha de perfeito
encaixe com padronagens engraçadas como estampa. Ora e outra encontrava alguma parte que se distoava da psicodelia
e a vontade de uniformidade me fazia desmontar tudo simplesmente para dobrar uma folha do lado ao contrário.
Falamos de comparações ainda deitado. E num ímpeto de imaturidade me criticou friamente por compará-lo com outro.
Ainda que fosse um detalhe bobo, ainda que o enaltecesse. Me senti estranhamente culpada. Imendou algumas justificações
para defender o sujeito em questão: "Se ele foi bom o suficiente para ter ficado contigo o tempo que ficou, de modo a te encantar e te engrandecer, não é certo que o desfavoreça desta forma. Ele deve ser uma pessoa maravilhosa. Quem dera eu
ser como ele". Pronto, segundos e a culpa foi embora. Não quis relatar a contraditoriedade de imediato. Me contive.
Pra ser sincera, por ainda estar me culpando um pouco. Mas vieram as explicações e tudo se acertou.
Pulamos num buraco fundo, caímos não durante horas horas, como nos filmes, simplesmente nos esborrachamos no chão e
engolimos um pouco de dúvidas. Tossimos: tempo!
Soltei, conscientemente o jargão: "Tempo é relativo."
"Não pra mim", retrucou ele, justificando com vírgulas, acentos e exclamações que agora me fogem.
"Prova disso é a nossa discordância sobre."
Sussurrei pra dentro de mim: nem tudo tem de ser dito, mas sim entendido, silenciosamente, cada um por si.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Na agenda:

"Te amo, morena
Pela sacada adentro teu quarto
Às 02:11 da matina
Acordar-te para que talvez sonhe comigo

Teu Bam"