"Escrever sobre o quê?" Questionou-se antes de um devaneio que por extrema insistência ou extrema mania, a levou pra perto do céu, mesclou imagens, transformando-as em nuvens, que rapidamente deslizaram por algo como um arco-íris. Mais um personagem, mais um enredo. Não seria algo romântico. Não, isso com certeza não seria. Eu apostaria em uma reinterpretação psicodélica nada original destes símbolos.
A verdade é que ela gostaria de dizer que lhe falta algo ou alguém. Mas isso seria simples demais, dada a pessoa determinada e decidida que eu sempre vi quando a olhava através daquele pátio frio. Bastaria a consciência de que era essa a situação para que imediatamente se levantasse e se prontificasse a resolver tal ausência. De fato, não falta. O que se perdeu ou talvez nunca existira era ela mesma.
Explica então pra onde se dirige alguém que não pertence a si próprio? Alguém cujo paradeiro é um mistério sem precedentes? Existia, ao acaso, uma sessão de achados e (mais) perdidos eus? Pois todas as facetas que ela apresentava - veja bem, não falo de poucas - não convencem apenas um ser neste planeta: ela mesma. Por mais diversas que sejam, nenhuma delas contém essência alguma de Hortênsia. Aliás, já ouviste falar de tal fragrância?