sexta-feira, 30 de julho de 2010

Arrepio

Quero assim com você
Dos meus vocábulos esquecer
E ir regressando pouco a pouco
Naquilo que chamam de tempo
Quando a língua que eu falava
Era o sussurro dos ventos
E pessoas ainda me rodeavam
Para paralisadas parafrasearem clichês
Eu gosto de contigo evocar o silêncio substancial
Costume esquecido - se é que um dia existiu
Ou mal utilizado, quiçá.
Fala-se em demasia, benzinho
E muito pouco ou quase nada se faz
Eu já prefiro o silêncio dos teus olhos
Os dizeres do teu corpo, tuas mãos
Acontece que a tevê não nos satisfaz
Ideias manipuladas, remanipuladas ou trimanipuladas
Não fazem nossas cabeças mais
Nos resta então a música, a dança e a escassez de versos
Do poeta e da prosadora
A vontade de transformar sentimento em palavra é grande
Mas a vontade de sentir, essa é ainda maior

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Salão de tristezas onde as outras penteiam mágoas

Eu já nem sei se é o meu lado racional falando ou se é o lado mais sentimental de ser sentimental.
Eu só sei que chegar em casa uma da madrugada após 2mg e mais alguns amigos chopps sem a alteração evidentemente desejada, querendo café amargo pra tragar e não só retocar, como refazer toda a solidão, pouco a pouco não está lá muito certo.
Em algum ponto a lua me disse um basta e meu coração, fraco depois de tantas batalhas e por fim, admitindo-se vencido quis retirar-se.
Ser flor é querer ser sua, ser companheira de aniversários de álcoolatras em plena quinta-feira de forró no armazén, ser mãe pra te cuidar, te exigir as responsabilidades que o tempo lhe entrega nas mãos e num impulso tu devolves, é acordar com tuas ligações de manhã, é aturar-te enquanto um desconhecido perante a mim, carente de escolha, de opção, carente do mundo, com tuas histórias sempre absurdas e escutá-las repetidamente. E mais: escutar peripécias com a tua tal primeira mulher aqui e acolá por pedido próprio, por ser flor amiga, não querer ser só flor.
E depois de tanto, negar pra mim mesma. "Chateada? Não, isso você não tem direito.. e pra falar a verdade, mesmo que tivesse, não estaria... Não é?"