sábado, 14 de agosto de 2010

O coelho resmungou.

Trilha teus passos, faz teu caminho, corre de mim, maldita, segue.
E me foge, e me zomba.
O descompasso desritmado da minha dança é também do corpo e da mente.
O corpo fica, a mente vai.
E me foge, e me zomba.
Mas diga-me tu, menina faceira da saia rodada, e se lhe chamam de forrozeira em meio a rua principal da cidade como sabes que falam de ti e para ti? E como tens a coragem de cumprimentar a rapaz qualquer? Nome e face, lhe fogem. Quiçá estejam lá na frente.
E me foge, e me zomba.
"E música? Sabe o que é indiazinha?
Eu já lhe explico, deixe que o coelho passe aqui resmungando sobre seu atraso com seus botões. É que me falta tempo e só. De resto, não me carece talentos musicais ou instrumento algum desse mundo que não tenha um só seu exemplar localizado em meus aposentos. Mas já lhe explico toda a prosa."
E me foge, e me zomba e corre demais. E por isso, tantas vezes fica assim, pesada, querendo tudo e todos e noutras, sozinha.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Gosto de me ouvir a narrar, com esta voz séria, as besteiras que me ponho a escrever no canto de uma página qualquer.
Rio e imagino como se sentem todos os sonetos esquecidos, as prosas empoeiradas, as poesias para aqueles que um dia já foram pequeninos.
Reúnem-se secretamente em um clube, compartilhando suas experiências. "Os Versos Esquecidos" já não ecoam mais, mas agrupam-se, da maneira que lhes convém.



E estes acabaram por também se agrupar, despropositalmente.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A mulher que não queria ser amada

Me vem com teus papos melados, manjados, forjados.
Me vem com três chutes, um beijo, um agrado.
Eu vou observar atentamente a areia da praia.
Eu vou me lembrar disso.

Me pergunta se tenho distúrbios.
Pois tudo o que uma mulher quer é ser amada.
Mas eu fugi das tuas teorias, estatísticas e confusões nem tanto.
E fala que tem tudo anotado em caderno de pauta com letras redondas.

Está tudo estudado, friamente calculado, palavras, demoras.
Aprendeu que não sabes nada?
Pois de mim sabes tudo e mais um tanto.
Eu é que sei demais da vida.

Eu gosto do branco no preto, que você suma e só apareça de vez em quando.
Eu gosto de você irmão, camarada, astuto e malandro.
Eu gosto de você crescendo, vivendo, errando.
Pois mãe não ama para ser amada. Mãe ama para ver a cria criada.
Ou cria a cria pra poder ser amada?