domingo, 16 de maio de 2010

Quinze horas.

A pele alva, que esquivou-se com competência do impiedoso Senhor do Tempo escondia a verdade que ela trazia nos bolsos. Seus documentos, acusavam, cúmplices de seus olhos sábios e atentos, anos que ninguém jamais imaginara.
Tais olhos focavam atentos os ponteiros de seu relógio de pulso, antiga herança de família. O momento se aproximava conforme o tic-tac nervoso acompanhava os passos daqueles cheios de pressa em meio à uma multidão desforme de outros tantos olhos que por sua vez, traziam consigo melancolia.
Sentada em um dos bancos da Estação Central, ela ostentava a inteligência misteriosa de um lobo camuflada pelas mechas de cabelo presas de forma descuidada, formando um emaranhado que além de convidativo, beirava a perfeição.
Dez metros de distância dali ele observava apoiado a uma pilastra. Bela, íntegra. Nunca conhecera mulher de tamanha deeterminação. Buscou na bolsa a tira colo com a rapidez e agilidade de um assassino profissional a sua arma. Os olhos nem ao menos se moveram para lugar algum que não fosse a presa.
Instantaneamente, sacou sua Nikon e pôs-se a fotografar aquela que representava, completamente, seus devaneios.
Era, sem dúvidas, a exposição de sentimentos crus mais verdadeira que um ser-humano poderia assumir.

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