quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Respiração

Os pensamentos não se contentam em vir aos poucos, são planos, cálculos do que pode dar errado, análises de tudo que você já vivenciou para então saber exatamente os movimentos certos, nas horas perfeitas. É, acima de tudo, uma tentativa de ler mentes. De adivinhar o que se passa na cabeça ao lado. Quais as interrogações que ela, por sua vez, abriga.
Assim que entramos naquele cômodo, já estava tudo combinado com ele, o terceiro. Sabia eu que mais hora menos hora ele estaria ali. Enquanto isso eu interpreto com a facilidade de quem fez anos de teatro. Essa é a minha interpretação de aproximadamente dois anos de teatro na escola. Que fique claro: na escola.
Eu não diria intuição feminina, eu sei bem da onde vem essa minha capacidade. Um misto de pura racionalidade com o que muitos considerariam uma falta dela. Que seja, a capacidade continua sendo minha.
Ali estava, parado diante de nós, o Silêncio. Chegou sorrateiramente, fruto de um grande esforço para que se apresentasse com outro nome. "Prazer, sou Espontâneo."
Ela sabe exatamente o que fazer, como fazer, quando fazer. Aproxima-se. Tá aí um dos momentos nos quais palavras, sejam elas de flor ou café, de nada valem. Respiração. Ela sim, diz muito.

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