sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Juarez

Juarez foi lá em casa e disse que estava indo.
“Mas indo aonde?” Eu perguntei.
“Não sei, Tati, só estou levantando vôo” ele respondeu.
Demorou dez minutos, fumou um cigarro e disse que ainda tinha algumas pessoas por ali pra se despedir. Mentira. Sempre que íamos comprar pão de mãos dadas ele comentava o quão se via perdido por ali, mas que era gostosa a sensação, de andar por minutos e não ser interceptado por nenhum conhecido.
Quando eu fui abrir a porta pra ele, torci pro meu andar denunciar, aos berros aquele “não vai” que ficou entalado na garganta. Quando cheguei à porta e me virei, foi pra checar se tinha dado certo esse lance do andar. Não deu, Juarez mantinha os olhos baixos.
Já com a porta aberta, eu nem sabia o que fazer. Tudo em mim suplicava, mas não questionava. Só ele não percebia. Mas meu cabelo dizia, minha pele dizia, meus ombros, a minha blusa, a minha barriga e até a posição dos meus joelhos. Mas os olhos não. Eu também os mantive baixos. Os olhos seriam demais.

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